John Blake

John Blake

Mighty John Blake, Clérigo/ Sacred Exorcist, seguidor fervoroso de Saint Cuthbert of the Cudgel e defensor de tudo o que é justo. Blake (como era tipicamente conhecido) foi a minha terceira personagem e, mais uma vez, um spellcaster. Foi uma personagem que escolhi criar já que me apresentava um conjunto de desafios, na altura, que me pareceram interessantes e divertidos. Foi a primeira vez que joguei uma personagem com uma classe maioritariamente de suporte em batalha. Para além disso, tratou-se da minha primeira experiência com uma personagem realmente activa no que diz respeito às questões de religião in game e, mais notório, a minha primeira personagem cujo alinhamento entrava na área daqueles com uma doutrina mais restritiva. Em particular, Blake era Lawful Neutral.

A história de Blake começa a ser traçada muito antes do dia do seu nascimento. A família Blake era uma das mais antigas casas nobres do reino que, apesar de exercer pouca influência política e social, encontrava-se profundamente enraizada na corte real de outros tempos. A sua origem é identificada na pessoa de Jonathan Breyk, um jovem trabalhador do campo com origens humildes e um desejo que fazer mais pela sua vida que se dedicar ao cultivo de plantações. Não levou muito tempo até que Jonathan decidiu abandonar a sua pacata vida e partir para o mundo em busca do seu sonho. Ao longo do tempo, Jonathan cresceu como pessoa e aventureiro, ganhando notoriedade e uma reputação de bom calibre em virtude do seu sentido de justiça e bondade.
A sua fama chegou aos ouvidos de um poderoso duque cuja filha tinha sido raptada por um cruel bando de hobgoblins. A mando do duque, que lhe havia prometido riquezas para além dos seus sonhos, Jonathan partiu em busca da jovem donzela em perigo. Jonathan localizou o lar do bando numas antigas ruínas na orla de uma floresta. Nas ruínas nada foi encontrado para além de uma passagem que seguia para o interior de uma cripta. Não tendo outra hipótese, Jonathan seguiu para o seu interior numa noite que só por si era especial pois no momento em que Jonathan entrou na cripta estava a verificar-se um eclipse lunar. O que ele encontrou lá deixou-o sem palavras. Os hobgoblins eram tudo menos uma ameaça já que se encontravam mortos, os seus corpos espalhados por toda a extensão de corredores da pequena cripta. A jovem filha do duque tinha sobrevivido miraculosamente, estando fechada numa pequena sala convertida em cela completamente fragilizada devido a fome, frio e ao medo. Jonathan apressou-se a tentar levar a rapariga para um local em segurança, mas antes de o poder fazer foi confrontado pelo verdadeiro habitante daquele local, e o responsável por todas as mortes. A barrar-lhe o caminho para a saída estava uma forma humanóide que tresandava a morte e decomposição. Jonathan lutou valorosamente contra a criatura evitando, o melhor que podia, os seus ataques físicos e mentais. Após longos minutos de intensa batalha Jonathan consegui finalmente derrotar o monstro. Com o grito ensurdecedor a múmia caiu por terra não sem antes Jonathan ouvir na sua mente umas palavras, numa língua que ele percebia perfeitamente, que lhe gelaram o sangue: Que o poder de Nerull me acompanhe nos meus últimos momentos e que te amaldiçoe a ti e aos teus descendentes. A lua negra trará a minha vingança e a morte não vos trará descanso. Apesar deste encontro conturbado, Jonathan partiu com a bela rapariga de regresso a casa do duque e a recepção digna de um herói que recebeu rapidamente o fez esquecer da sensação de puro terror e do estranho frio que sentiu quando acabou de ouvir aquelas palavras. O duque ficou-lhe eternamente agradecido e ofereceu a Jonathan um lugar na sua guarda que possivelmente o levaria a, futuramente obter um lugar na nobreza. Isso, de facto, foi o que veio a acontecer. Jonathan acabou por casar com a filha do duque, este deixou-lhe tudo o que tinha aquando da sua morte já que não tinha filhos (apenas a filha que Jonathan salvara) e Jonathan finalmente obteve a posição que tanto ansiava. Mudou o seu último nome para Blake e com esse acto separou-se definitivamente do seu passado e abraçou o seu presente e futuro como nobre.
O tempo passou e a casa Blake floresceu. No entanto, a passagem do tempo trás inevitáveis mudanças e a casa Blake foi perdendo a importância que anteriormente chegou a ter. Rumores de estranhos acontecimentos na mansão Blake e de estranhas mortes em noites de lua nova começaram a ensombrar a reputação da família e em pouco tempo a linhagem Blake perdeu o seu peso no reino e tornou-se mais uma família de classe alta, como qualquer outra, agarrada a glória de outros tempos.
John Blake foi o mais recente membro dessa linhagem, filho de Elizabeth e Jeremy Blake, este último descendente directo de Johnathan Blake. Fiel seguidor dos seus princípios e daquilo que achava correcto, John cresceu e encontrou o seu lugar na Igreja de St. Cuthberth, o deus da justiça.
Tudo corria bem até que uma noite tudo mudou. Não era uma noite qualquer já que nessa mesma noite estava a ocorrer um acontecimento que não se verificava desde à séculos: um eclipse total da lua. Nessa noite John foi acordado por um horrível grito que soava na sua cabeça. Desorientado e quase delirante John levantou-se e saiu do seu quarto e saindo da igreja onde estava partiu as cegas na escuridão da noite. Sem saber bem como John deu por si a caminhar em direcção à casa da sua família (que não era longe da povoação onde estava) e quando lá chegou deu de caras com um espectáculo infernal. Os corpos dos poucos servos da casa estavam espalhados por todo o lado, mortos e terrivelmente mutilados a casa estava completamente desarrumada, com mesas viradas, vidros partidos, e moveis desfeitos. Era como se um animal tive-se sido solto no seu interior. John estava em choque sem saber o que pensar. Subitamente um grito vindo do andar de cima trouxe-o de volta a realidade. Ele subiu as escadas em passos largos e foi em direcção ao quarto dos seus pais: o ponto de origem do grito. Quando lá chegou viu o corpo da sua mãe tombado no chão envolto numa poça de sangue. John correu para ela. Ao vê-lo a cara de Elizabeth expressou um misto de alegria, medo e preocupação. John chorava, e no leito da morte a sua mãe ainda teve força para lhe falar: A maldição finalmente caiu sobre nós…durante anos e anos conseguimos conter a escuridão…mas não mais….foge John, salva-te, não te tornes naquilo que o teu pai se tornou…. O último suspiro da sua mãe trouxe a John uma profunda amargura e com um grito de dor ele tombou de joelhos no chão. Só ai é que ele se apercebeu da outra presença na sala. John levantou a cabeça e viu uma forma hedionda, a forma decomposta e mutilada de seu pai que com uns olhos vermelhos brilhantes olhava para John com uma fúria assassina. A morte não te trará descanso. Disse Jeremy enquanto apontava para John. O grito ensurdecedor voltou a mente de John e, em pânico, ele fugiu e à medida que passava pelas portas elas fechavam-se atrás de si como se uma força invisível quisesse barrar o caminho a possíveis perseguidores. Ao sair da casa todas as portas e janelas da mesma se fecharam, o barulho terminou e o silêncio pesado voltou. No entanto, a escuridão permaneceu.
John voltou a igreja naquela mesma noite. Naquela mesma noite rezou a St. Cuthberth pela sua mãe, por si, pela sua família, e jurou levantar a maldição, qualquer que ela fosse, que ensombrava a sua família. John conhecia as histórias do seu antepassado Johnathan, de como ele derrotara um undead numa noite de profunda escuridão. Mas nunca, até aquela altura, essa história lhe parecera de extrema importância. Ele era um descendente directo de Johnathan tal como o seu pai. Estaria ele amaldiçoado também?

Blake, como personagem, cresceu sempre como firme opositor de todas as criaturas undead e de todos os espíritos malignos que quebram a ordem natural da vida. Como aventureiro ele sempre procurou eliminar qualquer deste tipo de criaturas e direccionou fortemente o seu treino na fé para esse objectivo. Claramente, o seu intuito final era o de voltar um dia a sua casa e libertar a sua familia da terrível maldição que os tinha assombrado desde a sua origem. Uma maldição que podia muito bem, um dia, consumi-lo a ele próprio.
Uma das primeiras grandes aventuras em que Blake se encontrou envolvido com a sua party de companheiros colocou-os, efectivamente, contra um undead. Gulthias, um vampiro, era o líder de um culto maligno que habitava uma torre onde, secretamente, tentavam invocar de novo à vida Ashardalon, um dragão vermelho de imenso poder. Após muito esforço, Gulthias foi derrotado e a fonte do seu poder, não mais do que o coração de Ashardalon, foi destruída. Este primeiro contacto com um culto seguidor de um dragão foi um prelúdio para a grande ameaça dracónica que iria ameaçar o reino. De facto, à medida que a party se aventurava, indícios de uma união entre dragões foram surgindo no horizonte, e as suas intenções eram tudo menos nobres. Com isto em mente, começou a grande campanha para a erradicação da ameaça. Inicialmente, a party eliminou a ameaça de um dragão azul que se encontrava a interferir com as rotas de comércio dos mercadores. De seguida, a party deslocou-se ao místico Maure Castle, um castelo antigo existente noutro plano, à procura de uma Orb of Dragonkind que lhes daria uma grande vantagem contra um grandioso dragão vermelho que habitava a zona sul do reino.
É durante a exploração deste castelo que a party encontra um Deck of Many Things e Blake, num momento de fraqueza, decide retirar uma carta do mesmo. A sorte não estava do seu lado, já que Blake retira a carta correspondente ao The Void e heis que a sua alma é imediatamente aprisionada em parte incerta. Um dos seus companheiros, no entanto, tem mais sorte, e ganha o direito a um wish. Como isso não era o suficiente para libertar a alma de Blake, ele decide pedir que a party obtenha a Orb. Com ela, no entanto, surge Kerzit, um poderoso demónio, actual detentor da Orb of Dragonkind e, surpresa das surpresas, o detentor do artefacto que contém a alma de Blake. A party escapa com a Orb e jura voltar para recuperar a alma de Blake.

Enquanto Blake se encontrava aprisionado, e assim que a notícia chegou aos ouvidos da sua igreja, um guerreiro defensor da fé de St. Cuthbert foi enviado para ajudar a party a recuperar Blake. Tratava-se de Aramil Lorth (do qual irem falar um pouco posteriormente noutro artigo). Com Blake incapacitado, mas em segurança, eles decidem primeiro derrotar o temível dragão com a ajuda da Orb. Através de um plano bem delineado a poderosa wyrm é derrotada. Após essa importante tarefa, o demónio foi finalmente confrontado e Blake foi libertado.

Muitas aventuras se seguiram e Blake, tal como os seus companheiros, tornou-se muito conhecido por todo o reino, sendo temido e respeitado. Quando finalmente deixei Blake (por decisão geral decidiu-se iniciar uma campanha nova, a actual) ele preparava-se para embarcar no maior desafio da sua vida: Libertar a sua família, recuperar a sua casa secular e reconstruí-la sob a forma de um grandioso templo dedicado a St. Cuthbert. Desconheço ainda se Blake atingiu os seus objectivos, mas não me espantaria nada que agora, 50 anos depois, se ainda ouvisse falar do grande herói John Blake e que o templo que ele queria construir ainda se encontrasse de pé.

3 comentários

  1. Ena, estes posts dos teus personagens estão excelentes, Sérgio! Têm uma coisa que falta em nos posts de roleplay da maioria do pessoal, que é a visão do jogador; muitas vezes só temos a visão dos personagens e não é assim que quem lê pode aprender a jogar ou a melhorar o seu jogo.
    Tens de republicar este material no Abre O Jogo! Please!

  2. O Blake sem dúvida deixou marca, quer antes de ter sacado a carta The Void, quer mesmo durante o seu improsionamento já que foi mais um foco para a party, o salvar um aliado, um amigo, o depois luta epica contra um Balor no final, e que terá o futuro reservado a Blake…

  3. […] foto, mas de certo que eu era Yuri, monge da ordem Shiroi Tora (Tigre Branco, btw), e o Sérgio era John Blake, cleric of St. Cuthbert. A Sandra era Hanna ou Anna, que usava um arco como quem usa uma Uzi (e não estou a exagerar). […]


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