Drim Swiftfingers

Drim Swiftfingers

Drim Swiftfingers foi a primeira personagem de Dungeons & Dragons que criei. O pequeno halfling rogue foi uma personagem divertida e com bastantes pontos altos, mas devo admitir que não é exactamente o exemplo perfeito de uma grande personagem.
Sabendo o que sei hoje, provavelmente teria feito algumas coisas diferentes no que diz respeito à customização da personagem. No entanto, tendo em conta a minha falta de prática, na altura, com o sistema, à que admitir que mesmo assim ele acabou por se tornar extremamente bom nas “artes da subtileza”. Por tudo isto não me arrependo assim muito do seu percurso.

A minha maior falha para com a personagem, na verdade, nem foi minimamente relacionada com o sistema de D&D. Teve sim, mais a ver com a minha própria criatividade. O Drim tinha um background extremamente pobre que se descreve rapidamente num parágrafo, mas é de tal maneira simplista que nem merece ser referenciado. Isto levou a que ele nunca se desenvolvesse muito como personagem inicialmente, dado que não tinha um objectivo definido que o motivasse a continuar. Eventualmente as coisas mudaram um pouco mas, agora que penso nisso, as suas motivações jamais foram tão fortes como as das personagens mais proeminentes que o seguiram. Suponho no entanto que isso também seja uma questão de prática. O meu design de personagens e backgrounds tem vindo a melhorar consideravelmente longo do tempo, pelo que, no fundo o que se passou com o Drim foi perfeitamente normal.
Não se pense, no entanto, que não me diverti com o Drim. Longe disso! As aventuras e desventuras do pequeno rogue foram excelentes e muitas vezes hilariantes. Desde a não muito agradável experiência de ser forçosamente atirado para dentro do que restava de um tubo de esgoto, por um dos barbarians da party para fazer um search detalhado (as desvantagens e vantagens de ser pequeno aqui claramente evidentes), às noções de movimento discreto e silencioso que incluiam ir falar directamente com completos estranhos – encontrados em sítios simpáticos como um templo secreto dedicado a um deus maléfico – que, obviamente, fugiam imediatamente para alertar tudo o que era tipo mal encarado na vizinhança. A par disso, a sua fantástica destreza e o seu equipamento, que incluia uns óculos escuros (Googles of Minute Seeing) e uma cloak (algo semelhante a uma Cloak of Elvenkind, mas não era bem isso – a memória já me falha nestes detalhes) ganharam-lhe a honrosa (e terrivelmente out of character) alcunha de Matrix man.
Eventualmente, a versão 3.5 de D&D surgiu e o impacto que ela teve no pobre Drim não foi muito positivo. Da noite para o dia ele viu o seu já limitado potencial de batalha ser reduzido substancialmente. Pelo que, depois de um encontro com um Smoke Paraelemental que acabou bastante mal (ie, acabou com o Drim morto) o pobre rapaz foi ressuscitado e decidiu que era altura de viver uma vida mais sossegada. Na verdade, eu já começava a desejar por algo novo e a passagem de 3.0 para 3.5 veio acentuar os defeitos práticos mais graves da personagem. Pelo que decidi que era altura de o reformar. E assim foi. Ou, pelo menos, isso foi o que eu pensei.

Drim Swiftfingers - Orc

Quando deixei de controlar o Drim ele passou para o natural estado de NPC nas mãos do Dungeon Master. Ele sempre tinha tido bons contactos com a guilda de rogues na cidade central de Zamora, no reino onde a campanha se situava, e foi para lá que ele voltou. Muito tempo depois, quando eu já encarnava a personagem de John Blake (sobre quem irei falar eventualmente), o Drim resurgiu como espião contratado por um membro da nossa party com os contactos certos. Drim continuava igual a si próprio, mas a sua interacção connosco levou-o a aceitar uma missão que o marcou para sempre. Enquanto fazia reconhecimento numa casa que consideravamos suspeita por um número de razões que agora não são relevantes, o pobre Drim foi descoberto e prontamente morto. Sentindo-se um pouco responsável, quem o contratou (longe de mim revelar, ou mesmo dar pistas sobre quem foi a responsável) decidiu pagar por um reincarnate para que o ex-herói pudesse ter mais uma oportunidade de vida. E assim foi. Drim foi ressuscitado, só que desta vez, na pele de um orc! Passar de um pequeno halfling para um corpulento orc certamente foi uma mudança radical. Mas na verdade foi muito útil dado que ele se tornou num espião eficiente, seguindo as movimentações de um perigoso exército de orcs (sob o comando de um dragão vermelho) que planeava um ataque de grande escala a importantes cidades do reino.

Dai para a frente, o que aconteceu com o Drim está para lá do meu conhecimento. A história avançou e o mundo evoluiu para se situar onde estamos hoje, 50 anos depois da era onde Drim, o orc, se infiltrava em exércitos invasores. Pode ter vivido até à velhice, ou morrido gloriosamente no campo de batalha. De uma forma ou de outra, recordá-lo-ei sempre como sendo a minha primeira grande (e ao mesmo tempo pequena) personagem!

3 comentários

  1. Diz lá se aquele reincarnate não foi em grande!! 🙂
    A única coisa q tive pena na campanha foi nunca termos descoberto o papel do tal wizard na guerra dos dragões e termos salvo o Silver.

  2. Ah, a nostalgia…
    O fantastico Drim, é sempre bom ver um novo jogador a apalpar terreno e o Drim deixou marcas sem dúvida!

  3. […] facilmente, recuar no tempo e rever mentalmente a minha primeira sessão de D&D, com o saudoso Drim (personagem que, descobri na minha última sessão de jogo, ainda está viva e activa. Está velho […]


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